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Foto do escritorAlex Maia

Cineclube discute presença do negro na mídia em Museu de Campos

Aconteceu, no último dia 23 de março, às 19h, no Museu Histórico de Campos dos Goytacazes, a exibição do filme ‘A Negação do Brasil’, de Joel Zito, sobre a presença de negros na história da teledramaturgia brasileira. Logo em seguida, teve início Debate Contra o Racismo, com o tema “A construção da imagem de negros na mídia brasileira”, com participações especiais das jornalistas Cláudia Eleonora e Stella Tó Freitas. O evento, promovido pelo CRESS 7ª Região (Seccional Campos) e apoiado pelo Cineclube Marighella, teve como objetivo denunciar o preconceito enfrentando pelos atores negros desde a chegada TV no Brasil, nos anos 1950, uma vez que foram raras as oportunidades de assumir papéis de destaque nas tramas. E mesmo quando as oportunidades surgiam, estavam sempre presas a estereótipos que reforçavam a discriminação. Mais do que uma exclusividade das telenovelas, a desigualdade racial está presente na mídia como um todo. Segundo Cláudia Eleonora, “apesar de termos tido alguns avanços de 1888 para cá, com a abolição da escravatura, os brancos que ainda dominam. Recentemente tivemos a Maria Júlia Coutinho, primeira jornalista negra apresentando o maior telejornal do país. Ao mesmo tempo, que comemoramos essa conquista, percebemos o quão tardiamente isso aconteceu, causando estranheza em muitas pessoas e tirando a naturalidade que isso deveria ter. Isso é grave. Por isso, é tão necessário esse enfrentamento, para que hajam cada vez mais diálogos”. Essa edição, que fez parte do movimento ‘21 Dias de Ativismo Contra o Racismo’, trouxe à tona o quanto o Brasil ainda precisa avançar contra esse tipo de preconceito, sem contar os riscos de retrocesso diante do novo cenário social e político. O Brasil tem se tornado cada vez mais o país onde milhares de negros são assassinados todos os dias, tanto nas cidades quanto nos campos, a maior parte deles morrerem sem ter tido oportunidade de trabalhar e estudar, sendo a manutenção destas estruturas sociais perversas reforçadas. Para Stella Freitas, “não adianta muito haver pessoas falando de negro na mídia, se ainda existem até mesmo profissionais de Comunicação que não entendem, por alguma razão, toda a estrutura racista, sua composição e a consciência social que deveriam ter sobre essa questão”. Num outro momento, disse ainda que “a escola tem o papel fundamental na sociedade no combate ao racismo, já que o é algo estrutural desde sempre. Logo, ainda quando criança, é necessário que o indivíduo já saiba que isso existe, que não é certo ou legal”. Com a presença de cerca de quase 70 pessoas, entre professores, pesquisadores e estudantes da área de Ciências Humanas, o evento, apesar de forte, provocou um momento de grande reflexão sobre os resquícios da escravidão que carregamos até os dias de hoje. Não estamos tão distantes do Brasil Colônia quando buscamos acreditar.

Por fim, alguns dos presentes tiveram a chance de fazer perguntas, tirar dúvidas ou provocar algumas reflexões, contribuindo mais ainda com o momento peculiar e oportuno.








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